50 Anos de Horror: #2 O Estrangulador da Noite (1973)


O Estrangulador da Noite

(EUA – 1973, Cor, 90 minutos)

The Night Strangler

Direção: Dan Curtis

Roteiro: Richard Matheson

Elenco: Darren McGavin, Jo Ann Pflug, Simon Oakland, Scott Brady, Wally Cox, Margaret Hamilton, Richard Anderson, John Carradine, Al Lewis, Regina Parton, Nina Wayne e Virginia Peters.

O jornalista é, antes de tudo, um ser abnegado, um profissional da verdade num mundo repleto de mentiras em um ofício árduo. Carl Kolchak (Darrin McGavin) vai além, ele busca provas em casos insólitos e pena para publicá-las, já que a opinião pública as leria como mentiras descaradas. Um ano antes, em Las Vegas, ele se envolvera num caso sobre um vampiro, levantou provas, apontou culpados, salvou vidas e no fim de tudo, foi despedido e não lhe deram crédito pela história. Um ano depois, num bar em Seattle, ele esbarra por acaso em Tony Vincenzo (Simon Oakland), seu ex-editor que, à contragosto, confidencia-lhe que assassinatos com características incomuns estão acontecendo na cidade e agora, editor de um periódico local, o contrata para cobrir o caso.

A Noite do Estrangulador é o segundo telefilme que mostra as aventuras e desventuras de Carl Kolchak, o primeiro, Pânico e Morte na Cidade, lançado um ano antes, obteve um dos maiores índices de audiência história da televisão americana, animando os executivos da ABC a contratarem Richard Matheson e Dan Curtis, respectivamente roteirista e produtor do filme supracitado, a fazer uma sequência e eles fizeram. E que sequência, senhores e senhoras! Que sequência! Se o filme anterior nos conquista nos primeiros minutos, este nos fisga na primeira imagem com a narração malandra em off do protagonista explicando o destino de Merissa (Regina Parton), uma dançarina que nunca mais verá o sol nascer, num estilo que lembra muito o programa Linha Direta, exibido décadas depois na Rede Globo.

Matheson, escritor e roteirista calejado, sabia como poucos criar histórias, já tinha escrito para Jornada nas Estrelas: A Série Clássica (episódio “The Enemy Within”, 1966, primeira temporada) e outras séries, além de livros e contos de ficção científica e terror lançados com regularidade desde 1952, vários deles adaptados para as telas, como O Incrível Homem que Encolheu (1957, direção de Jack Arnold) e Mortos que Matam (primeira adaptação de Eu Sou a Lenda, dirigida por Ubaldo Ragone e Sidney Salkow em 1964), por exemplo e também adaptou para a tela grande textos de outros escritores, como Júlio Verne e Edgar Alan Poe, principalmente, entre vários outros trabalhos dignos de nota na tv e no cinema. Em 1971 escreveu o roteiro de Encurralado, filme feito para televisão dirigido por Steven Spielberg, hoje um road movie clássico. Já Curtis tinha experiência em tv, onde criara e dirigira vários episódios da série Sombras Tenebrosas (Dark Shadows) entre 1968 e 1969, além de dois filmes baseados na mesma, sendo A Noite do Estrangulador o seu terceiro longa-metragem e o primeiro fora do universo que criou, numa carreira que teve o terror como foco durante a maior parte da década de 70, filmes como Drácula, O Demônio das Trevas (1974), Trilogia do Terror (1975) e A Mansão macabra (1976), por exemplo, foram dirigidos por ele, ou seja, Carl Kolchak estava nas melhores mãos possíveis para descobrir um assassino misterioso de cheiro pútrido que drena uma exata quantidade de sangue da base do crânio de suas vítimas para depois esmagar lhes os pescoços com as próprias mãos.

No decorrer das investigações Kolchak descobre que vinte e um anos antes uma série de assassinatos com modus operandi similares tinham acontecido na cidade. E vinte e um anos antes disso. E mais vinte e um anos antes disso, também, chegando ao último quarto do século 19. Lembra alguma coisa? Lembra. Lembra “Squeeze”, terceiro e hoje clássico episódio da primeira temporada de Arquivo X (1993), cujo criador, Chris Carter, é fã assumido de Kolchak, tanto que Darren McGavin esteve presente em dois episódios da série e também em um de Millenium, do mesmo autor. Muito do sucesso dos dois filmes é também mérito dele, que interpreta o jornalista do desconhecido à perfeição, roubando todas as cenas em que aparece e isso, amigos e amigas, é uma ciência, pois todo o elenco é excelente (alguns dos presentes nos levam para um agradável passeio pela ladeira da memória) e se agarra com afinco aos seus papéis enquanto o cerco se fecha contra o assassino, que se descobre, mata seis vítimas a cada aparição, fazendo com que cada minuto seja valioso e para piorar, Kolchak tem que lutar não apenas contra o tempo e o assassino, mas também com a descrença das autoridades locais sobre as suas descobertas. Menção honrosa para a sequência final, quando Kolchak descobre o covil do assassino, fica frente e frente com o mesmo e se utiliza de sua arma, a comunicação, para manter-se vivo. O final do filme é em aberto e no ano seguinte foi exibida uma série baseada nas aventuras do personagem que trazia apenas McGavin e Simon Oakland (Tony Vicenzo) de volta e apesar do relativo sucesso, durou apenas uma temporada e mesmo assim continua influenciando os apreciadores e apreciadoras do horror até hoje. 

Parabéns, Estrangulador da Noite! Que venham outros cinquenta anos!!!




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