50 Anos de Horror: #4 A Casa da Noite Eterna (1973)

As tardes da cada vez mais longínqua década de 1990 eram muito divertidas, em especial se você assistia à Band ou o SBT, pois ambas exibiam filmes de horror sem dó nem pena, formando uma saudável geração de fãs do gênero. Reprisados à exaustão, fazer revisões de algumas obras era quase que obrigatório, porém, das duas redes de televisão supracitadas, uma cravou seu nome na eternidade com o Cine Trash, programa apresentado pelo maior nome do cinema brasileiro de terror de todos os tempos, José Mojica Marins, o popular Zé do Caixão, diretor, ator, roteirista produtor... uma mente inquieta que nunca deixou as adversidades da vida ou dos baixos orçamentos tolhessem suas capacidades. Não sei dizer como o homem foi parar apresentando o programa, mas, seja lá quem tenha intermediado as negociações, ouso dizer que esse foi o maior, ou talvez um dos maiores acertos de sua vida profissional, afinal, Mojica era um ícone do terror reconhecido internacionalmente e seu personagem, com sua capa, cartola e trajes pretos aliados às imensas unhas que adornavam suas mãos tinham apelo imbatível, mesmo que todas as tardes amaldiçoasse a nós, seu público. É, talvez também por isso a atração tenha dado certo, claro que a qualidade (ou falta dela) nos filmes apresentados pesavam em nossa devoção e foi numa dessas tardes modorrentas em que só nos resta arrumar alguma diversão que me deparei com...

...A CASA DA NOITE ETERNA (THE LEGEND OF HELL HOUSE, 1973)

Direção: John Hough

Roteiro: Richard Matheson (baseado em livro homônimo escrito por ele mesmo)

1973. Um quarteto formado por dois médiuns, um cientista e sua companheira recebem uma oferta irrecusável para passar uma semana desvendando os segredos da Mansão Belasco, lugar de má reputação pertencente a um libertino onde cerca de trinta pessoas foram encontradas mortas em 1927, permanecendo fechada até a década de 50, quando uma primeira equipe de investigadores paranormais foi massacrada e apenas um deles, Ben Fischer (Roddy McDowall), sobreviveu. Fischer é um dos médiuns recrutados para essa nova missão e é o trauma, mais do que o dinheiro, que o faz aceitar o convite para assim tentar se ver livre de vinte anos de angústias.

Dr. Barret (Clive Revill), um cientista,  não acredita em nada que não se possa provar e está ali, junto com Ann (Gayle Hunnicutt), a sua esposa,  para mostrar que tudo o que aconteceu tem explicação racional, enquanto Florence Tanner (Pamela Franklin), uma jovem  médium, acredita poder entender e libertar o que quer que esteja agindo dentro daquelas paredes, paredes que testemunharam “uso indiscriminado de drogas, alcoolismo, sadismo, bestialismo, mutilações, assassinatos, vampirismo, necrofilia, canibalismo e várias “aberrações sexuais”, nas palavras do próprio Ben. Um lugar animado, percebe-se.  Animado e vigilante, pois desde o momento em que a equipe adentra o lugar, o que quer que esteja lá dentro aos poucos começa a fazê-los desmoronar, aflorando na maioria deles fogos, desejos e vaidades, desconstruindo suas personas e vontades e mostrando que a carne é fácil de ser controlada através de medos e dúvidas.

Combustão lenta e funcional define o que vemos em sua pouco mais de hora e meia de duração, que nos surpreende com a real motivação dos fantasmas do lugar, além de nos incentivar a ler o livro no qual o filme se baseou e a busca por ele nos faz deparar com uma obra vasta e respeitada como Eu Sou a Lenda, por exemplo, que já foi adaptado três vezes para o cinema. Confia, não existe desvantagem em ver ou rever A Casa da Noite Eterna, que apesar de parecer ingênuo em alguns momentos, carrega em si o charme de ser um filme de mansão mal assombrada, domicílios que não precisam de muita coisa para nos convencer que coisas estranhas podem acontecer dentro delas. Confia.

P.S.: este texto foi publicado originalmente no blog 365 Filmes de Horror 





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