Messiah of Evil
Direção e roteiro: Willard Huick e Gloria Katz
1973 – EUA, Cor, 89 minutos
Elenco: Mariana Hill, Anitra Ford, Joy Bang, michael Greer, Elisha Cook Jr, entre outros e outras.
Internada num hospital psiquiátrico, uma mulher tem uma história para contar e afirma que as coisas que veremos não são fruto de algum tipo de psicose. Ela se chama Arletty (Mariana Hill) e após a morte da mãe, seu pai, um artista plástico, se isolou na casa de praia da família, passando a se comunicar exclusivamente por cartas, até que elas se tornam esparsas e os temas delas, inacreditáveis, como mudanças corporais e a vinda de um messias oriundo do mar, até que elas cessam por completo, não sem antes que a última deixe claro que ele não deve ser procurado de jeito nenhum.
Preocupada, Arletty vai atrás dele e se vê imersa numa realidade bizarra com ideias que remetem ao universo do escritor H.P. Lovecraft, ao surreal e ao onírico. No lugar, as informações sobre o seu pai são vagas, quase negações da existência dele, a casa está abandonada, mas, com claros indícios de que o homem esteve lá. Abalada com o desaparecimento, suas preocupações se intensificam e ela vai às ruas procurá-lo, em suas andanças, acaba por encontrar Thom (Michael Greer), que se intitula Caçador de Segredos, junto com ele, Toni (Joy Bang) e Laura (Anitra Ford), suas consortes. Thom está colhendo depoimentos de Charlie (Elisha Cook Jr), um tipo de aparência pouco saudável que lhe fala sobre uma profecia antiga com cara de maldição que há um século atingiu a cidade e está na iminência de acontecer outra vez. O homem diz saber quem é o pai de Arletty e confirma algumas informações contidas no diário do desaparecido. Horas depois, o corpo de Charlie aparece parcialmente devorado, o que faz com que os hotéis da cidade não queiram mais hospedar Thom e suas amigas, que acabam na casa do pai de Arletty. À contragosto, ela aceita a situação e gera tensão entre Toni e Laura, na primeira principalmente.
Perdida em um lugar de atmosfera singular onde nem as ondas de rádio conseguem penetrar, ela se vê às voltas com seres de expressão ausente que andam em bandos, são organizados, se alimentam de carne crua e têm predileção pela noite, ou seja, podem até não estar vivos, mas, zumbis, como o título afirma, não são e é essa uma das maiores pérolas do filme, a não-identificação imediata das criaturas sem viço cujo silêncio é tão assustador quanto seus comportamentos. Terá aquilo acontecido? As estruturas dos diálogos e de muito na execução do filme pode nos levar a pensar assim, mas, lembremos que estamos vendo as memórias de Arletty e temos a tendência de lapidar velhas histórias sem perceber e isto enriquece o clima insólito e tira a nós, fãs do cinema de horror, da zona de conforto quando nos deparamos com um filme de gênero com forte identidade que afirmo, continuará sendo discutido por muito tempo por ser rico demais o que aparece e não aparece em cena. Como curiosidade, deixo com vocês uma última informação: em 1984, Willard Huick e Gloria Katz escreveram o roteiro de Indiana Jones e O Templo da Perdição, de Steven Spielberg, o filme mais violento da franquia original, com cenas consideradas extremas até hoje.
Este filme foi sugerido por Tati Regis, recifense, licenciada em Artes Visuais (UFPE), fá e entusiasta do gênero horror, escreve para o site Horrorizadas, 365 Filmes de Horror, produz conteúdo para o Ig Meu Filme do Dia e é integrante do Coletivo Ovelhas Negras.
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