50 Anos de Horror: #8 O Exército do Extermínio (1973)

The Crazies

Direção: George Romero

Roteiro: George Romero e Paul McCoullough

Elenco: Lane Carroll, Lynn Lowry, Will McMillan, Harold Wayne Jones, Lloyd Hollar, Richard France, Bill Hinzman, entre outros e outras.

Apesar de frequentemente chamado de “O Pai dos Zumbis”, o cineasta americano George C. Romero (1940 – 2017) tem outros trabalhos expressivos no terror que podem figurar tranquilamente em listas de melhores do gênero, como é o caso deste O Exército do Extermínio, um xadrez cínico onde o check mate é anunciado no início, cabendo a nós testemunhar o que acontece enquanto cultivamos em nossos corações controverso dilema moral por termos uma completa visão do tabuleiro, em específico Evans City, Pensilvânia, onde as pessoas começam a agir de maneira pouco salutar já na abertura, quando um pai incendeia o próprio lar com a esposa e os filhos dentro enquanto dança alegremente em frente à casa.

Chamados para atender a ocorrência, David (Will McMillan) e Clank (Harold Wayne Jones), dois bombeiros veteranos da Guerra do Vietnã, desconfiam da súbita chegada de tropas do exército ao lugar e começam a suspeitar de que algo não está certo. E não está mesmo e ainda vai piorar muito, os moradores e as moradoras sequer desconfiam da sua real situação, um acidente com um avião militar liberou uma arma bioquímica cujos efeitos são loucura seguida surtos de violência e morte. Não há cura, não há vacina, não se sabe distinguir os contaminados dos sadios e como tudo o que está horrível pode sim piorar, os atos insanos não se limitam apenas aos doentes, armados e com poder de vida e morte, os soldados começam a expulsar as pessoas das suas casas sem lhes dar as devidas explicações e algumas delas, sem entender o que acontece, revidam, lembrando em alguns momentos a relação humanos/zumbis no A Volta dos Mortos-Vivos (1968, também de Romero).

Em meio a tudo isso, David, sua noiva Judy (Lane Carroll) e Clunk decidem fugir pela floresta, driblando a quarentena. Ao mesmo tempo, na escola, que se tornou um centro de controle improvisado, os oficiais presentes junto com seus superiores e o superior destes pensam numa saída puramente militar, enquanto o Dr. Watts (Richard France), cientista envolvido na criação do vírus, suplica por uma equipe e uma sala para coletar amostras de sangue, estuda-las e talvez descobrir uma cura num lugar cada vez mais apinhado onde as histórias que vemos se revelam meras tramas paralelas movidas a medo e alguma esperança de gentes que envidam esforços para sobreviver a si mesmas e a aquele momento, causando conflitos morais no público e nos seus personagens, a descrença numa das democracias mais sólidas do mundo, que cai por terra quando quem deveria protege-los mentem, omitem e vandalizam, agindo desavergonhadamente em prol das próprias vontades, enquanto o prelúdio de um apocalipse acontece ao redor deles. Fracasso de bilheteria quando lançado, o passar das décadas trouxe para Exército do Extermínio o valor e reverência que lhe foi negado em seu lançamento. Antes tarde do que nunca. Feliz aniversário.

Esse texto foi indicado pelo jornalista e produtor cultural Jarmeson de Lima, que faz parte do Toca o Terror escrevendo textos e apresentando o programa e podcast homônimo. Também é curador de eventos e realiza projetos culturais diversos como o festival No Ar Coquetel Molotov e a Mostra Play The Movie.


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